segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

Doce feitiço


Parece que sempre estou prestes a escrever meu último texto, é como se eu já tivesse visto e vivido tudo, no entanto, outros ares surgem...
Aquele olhar, que parece ter vindo de terras que aqui não pertencem, buscava uma ligação comigo... é como se aguardasse minha presença ali, tendo a plena certeza de que um dia eu chegaria.
... o que quer de mim? Por que me tenta para este mundo? Sabes que me enfeitiça... Me faz querer estar entregue. Sabe o que eu faria? Eu iria em sua direção, mesmo sabendo que em suas mãos houvesse um punhal.
Você é capaz de converter a morte em êxtase... Eu não tenho coragem de fugir ao seu chamado.

terça-feira, 24 de novembro de 2009

Menino...

Em pensar que a causa de minha insônia, encontra-se em tão inocente olhar...
Apesar da incerteza sobre que pensamentos lhe tomam, gosto de imaginar que tu habitas meu mundo, te entrega à euforia de cada encontro, sempre almejando mais... (assim como eu).
De fato existe um perigo nesta entrega, algo que me faz esquecer minha real condição. Este meu sonhar enlouquecido com a tua presença me assusta muito. Ainda mais sabendo que eu possa morrer envenenada por meus próprios devaneios. Não quero acordar desta fantasia, menino...
Queria poder chegar mais perto de onde habita tua emoção, talvez assim eu pudesse transmutar teu sentimento e fazer com que queiras para ti, meu colo como aconchego.

sábado, 14 de novembro de 2009

Aquelas que me habitam 2

Luna tem estado mais presente... ao perceber os estragos que Amarílis havia feito, caiu em profunda depressão, sentiu-se impotente e desvalorizada. O que a entristecia mais, era saber que após esta queda, ninguém se compadeceu de seu estado. As pessoas pareciam mais distantes, ou então, nunca se importaram de fato. Considerando a indiferença delas, Luna começou a avaliar a situação e a refletir as atitudes de Amarílis... “No fundo Amarílis está certa, ela joga o jogo das pessoas, faz a vida efêmera, ressalta os prazeres que se tornaram seu vício. Não se envolve para que as indivíduos não a machuquem... para que eles não machuquem eu, Luna!”

Luna chega a uma conclusão inusitada, agora percebe Amarílis como sua protetora, aquela que usa os outros para se vingar, faz deles insignificantes, age como eles, dá em troca o que sempre recebeu, o que “elas” sempre receberam.

Aquelas que me habitam, não estão em mim com o propósito de corromper uma à outra, elas são minha fonte de análise daquilo que recebo. Através delas tenho um suposto equilíbrio. Uma ou outra sempre entra em ação, de acordo com minha necessidade. Estas presenças são importantes pra mim, pois sem elas, eu jamais teria condições de interpretar um mundo tão vazio...



sexta-feira, 28 de agosto de 2009

Buscava entender...


Hoje, por uma questão de instinto ou então mero desatino, relembrei daquele que ficou no passado. Na realidade eu não buscava nada, apenas queria olhar pra trás e com a mente mais branda, tentar entender o ocorrido naquela ocasião. Claro que não alimento mais nenhuma esperança, seria o cúmulo do masoquismo. Enquanto passeava pelas lembranças, achava até graça das minhas sandices. Todo aquele sofrimento que me acompanhava, parecia contrações de uma grávida. É incrível como o psicológico pode beirar o físico...
Mas ao mesmo tempo que me via livre daquilo tudo, sentia uma certa tristeza... era como retornar a um campo de concentração, após os horrores que lá aconteceram. Percorrer as salas silenciosas, antes temperadas com gritos.
O que quero no momento, é ter alguém que me presenteie com recordações doces, tão doces que possam ser degustadas... o sabor deve estar mais vivo do que nunca... e que o passado seja apreciado e relembrado em um colo presente.

segunda-feira, 25 de maio de 2009

Aquela dança...

Não sei nem por onde começar este relato... Foi tão magnífico o que presenciei, que não há palavra no mundo capaz de descrever este sentimento. Começou como um dia comum, ela procedeu da maneira habitual, nada demais. Executou as tarefas de sempre, porém neste dia ela resolveu fazer algo que considerava esquecido. Encaminhou-se até o som e tocou sua música... Naquele momento, esqueci quem ela realmente era e a arrogância que a temperava. Não era mais ela... transcendeu. Integrou-se a melodia, vestindo-a de movimentos. Mulher, que bonitas as suas cores! Queria que soubesse: o transe que se apoderou de ti, fez vítimas. Observando aquele acontecimento, senti minha alma ganhando forma, irradiando luz. Quando você dançou, esqueci quem eu era. Tive a sensação de ter nascido naquele instante e a primeira cena presenciada por meus olhos: sua dança. Hoje creio... uma sincronia de movimentos encobre o mundo lá fora, veta as dores e as mágoas... e faz da morte, uma mera ilusão.

domingo, 17 de maio de 2009

Amanhã vou me vestir de rosa...

Amanhã vou me vestir de rosa... Levar comigo toda aquela sensação doce, do sentimento que espero ansiosamente receber. Estou sentindo até o cheiro das rosas... Decidi expor a representação do que aguardo. Nada é mais divino do que aquilo que está por vir. A sensação é de esperar uma visita com um bolo recém saído do forno, é como um pássaro arrumando seu ninho. Não... não é isso, não vou me casar, eu apenas vou me vestir de rosa, fazer da flor meu vestido, fazer da cor meu símbolo. Caminhar sobre a textura macia das pétalas, até que a mutação comece... Este perfume é meu, esta textura é minha, agora sei, o devaneio que tive, mas a vontade não foi embora, só sei que... este jardim está muito pequeno pra mim, então... Abrirei minhas pétalas e amanhã vou me vestir de carne... vou me vestir de mulher...

sábado, 16 de maio de 2009

Frenesi

Este ser não percebe que não preparei meu espírito, mas sim meu corpo... é ele quem responde por mim. Não quero estar em vida onde habitam os anjos, não quero que enxergue minha alma. Quero que sinta a temperatura de minha pele. Neste momento abri mão do meu equilíbrio para viver as sensações concretas do ser humano... Portanto, não me peça coisas fora deste plano, não me tire da realidade pois não volto aos devaneios e as coisas sutis. Deixa-me ser agressiva, sem me importar com o depois. Não estou em condições de ter pudores... perto de pessoas como você, perco minha identidade. Chega de pensar nos teus receios, sei que não posso te obrigar a estar em minhas mãos, mas acostume-se com minha presença constante, e a cada noite que passar, ao lembrar de meus traços, sentirá ao menos um terço da sensação que me inunda e que me faz desconhecer a diferença entre o homem e o animal.

sábado, 2 de maio de 2009

Onde foi parar tua sanidade?

Onde foi parar tua sanidade? A poucos instantes, ela que sempre se fez presente em ti, foi substituída por um instinto animal primitivo... Mas o que te fez ficar assim?
- Quer mesmo saber?
- Quero.
- Pois bem... Eu o amava! Você sabe disso, não? Como eu poderia entender uma presença vazia a minha frente... Nunca passei por isso, nunca enfrentei um conflito assim. Ele simplesmente desconsiderou minha existência. Quase fiz bobagem... Iria me lançar às pernas dele e de joelhos clamar que não me envenenasse com a sua indiferença... Mas... não sei mais porque ainda insisto nisso.
- O que gostaria que ele dissesse? Ou fizesse...
- Queria que ele fizesse amor comigo...
- Daí ele faria e iria embora... É assim que quer?
- Sim. Ao menos saberei que ele está vivo e que ainda possui instintos.
- olha... Era tudo o que eu precisava saber. Agora vejo o grau do teu sofrimento e acredite, já tomei uma atitude para aliviar a tua dor.
- O que fez?
- É uma questão de tempo, logo eles chegarão.
- Eles quem?!
- Ajuda
- Está me assustando!
- Você chegou a um ponto que não tem mais domínio sobre seus atos, já se machucou demais está começando a se ferir fisicamente.
- Eu já disse que caí!!!
- Esses ferimentos não são de queda... Bem... Eles chegaram.
- Eu não quero ir!!!
- É melhor, assim você não se machuca e também não me machuca mais. E esquece de uma vez por todas essa presença que nunca existiu, sendo mero fruto do teu inconsciente.

segunda-feira, 27 de abril de 2009

Sentimento eterno

Houve um tempo em que eu fugia do amor, até mesmo o sufocava para que não me machucasse mais... tempo infeliz aquele. O amor revitaliza uma alma, não importa as circunstâncias em que se encontre este sentimento... o simples fato de ele estar ali, faz de mim viva. Mesmo com todas as dificuldades para se chegar ao podium, mesmo se não chegar lá, o amor está ali, iluminando cada parte do meu organismo, fazendo de mim um ser diferente, nutrido e purificado. Não importa o que acontecer, me desafiei, me desprendi e fui adiante. Talvez você nem me espere, ou então fuja de mim. Sei que sou intensa e ultrapasso alguns limites, mas... adianta ficar inerte perante o reino grandioso que se instalou em meu coração? Deixa eu fingir que nada aconteceu, deixa eu fingir que não me magoei e que tudo sempre foi puro. Me aceita dissimulada, transtornada, apaixonada, permite que esta criança ensope teu colo de lágrimas, me recebe verdadeira, insensata, lúcida, me deixa chegar a ti no estado que eu estiver. Agora finge que eu nunca te disse nada, pois se partirmos agora da estaca zero, você pode me conhecer de novo, e eu corrijo tudo aquilo que te afastou de mim...

quinta-feira, 9 de abril de 2009

Aquelas que me habitam

Hoje eu quero falar do temperamento daquelas duas... Luna é tão doce, cativante, menina agradável e inocente... Possui os sentimentos mais puros que já vi. A outra mulher se chama Amarílis, o oposto de Luna. Esta segunda, se toca-la por um instante, perceberá que seu corpo é sempre quente, febril, porém não é enfermidade que lhe atinge e sim o calor dos desejos mais intensos que possam habitar um ser humano. O conflito entre as duas é visível. Luna, que foi a que sempre esteve mais presente, a original, e oficial possuidora da legitimidade daquela vida, agora perde espaço para Amarílis. Luna não gosta de sentir sensações, odeia chamar a atenção, ser mal vista é algo que perturba seu psicológico... Ela tem problemas com homens e não quer que eles se aproximem. Incomoda sentir o olhar libidinoso do sexo oposto sobre seu corpo. Encontrou refúgio na religião, não é fanática, mas não pensa ser errado a auto punição física como método de elevação espiritual.
Amarílis... Nos momentos de fraqueza de Luna, rouba a cena e faz valer sua impetuosidade... Gosta do sexo oposto, sente seu corpo estremecer com um olhar malicioso. Se masturba várias vezes na semana e sente que o desejo não vai embora... Saborear mais de um beijo durante o dia, vindo de lábios diferentes, alimenta sua sede, porém não à farta. Ela não sabe mais diferenciar amor de compulsão. Presencio diariamente o conflito destas mulheres, pois infelizmente, é em mim que elas habitam...

segunda-feira, 23 de março de 2009

Suaves movimentos

Estou em um estágio de minha vida em que meus sentimentos não são apenas palavras mas também movimentos... O corpo se expressa, percebe o espaço, cansa, dolore, flutua, relaxa. A essência adquiriu novas nuances... Em um rodopio a tristeza se foi, num flexionar de pernas veio o amor, num gesticular suave de mãos houve o desabrochar... A cada passo na ponta dos pés virá o novo. E quando a voz surgir, a realização irá reinar.

quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

Sangue nas veias




S enhor que me fita pelo canto do olho
A viva minha sede e meus delírios, que o outro
N egou de forma tão fria...
G élida a alma que deixou para trás sentimento tão
U nipotente... Há de ter alguém que lhe seja o
E spelho, o qual refletirá sua fraqueza

N as mesmas proporções que
A lgemou um coração, pagará com o que mais teme: o despertar de um
S entimento verdadeiro... que lhe comerá as entranhas...

V enha senhor que me fita pelo canto do olho...
E ntre em minha vida e deixemos de lado este vil Ser
I mprestável para o amor e errôneo auto-suficiente.
A inda faremos amor de tal maneira... que ele escute nossos gemidos e
S uspiros... criando assim uma sensação de culpa e incapacidade...


segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

... E as coisas acontecem...

De repente as coisas começaram a ficar mais bagunçadas do que eu esperava. Não sei que tal reação eu causo neles, para que eles se afastem de mim feito miragem. O que há, hein? Tento incessantemente buscar maneiras de modificar minha postura, mas tenho temperamento tênue... Meu pensamento varia entre o doce e o amargo... Sempre de acordo com a intensidade de afeto que carrego. Começarei a subestimá-los... é divertido, mas somente quando tenho o controle... me tornarei a megera domada de Shakespeare, por pouco tempo... pois o que mais quero é estar de coração aberto... fazer jus à Afrodite que me rege. Mesmo se depois da queda, meus lábios sangrarem... terei a nítida sensação de que preciso de mais... de mais amor... de mais amor...