sexta-feira, 11 de novembro de 2011

Na borda

Eu estou em um lugar muito feio...
Não gosto dessas companhias que fingem se mostrar mas se escondem quando fito-as pelo canto do olho.
Talvez isso tudo ocorra por algumas influências externas, entretanto, boa parte desse universo eu mesma construí.
É como se eu já estivesse morta e meu peito chora minha própria morte.
Habito um corpo extenuado... cada respiração soa como um último suspiro.
Então eu me escondo, finjo que nada existe.
Sinto que estou ficando doente e que do mental já começa a atingir o físico.
Este estado calamitoso me horroriza...
Minha vida tem sido um constante funeral.
Estou a beira de um penhasco...
... Eu só preciso pular.

domingo, 30 de outubro de 2011

O deplorável mundo dos seres humanos

No início, nascemos sozinhos... sábia decisão divina (com exceção dos gêmeos, obviamente)
Até que criamos uma terrível dependência por aquela que foi nossa hospedeira, necessitamos alimentarmos do fluído que ela produz...
Após, somos obrigados a nos integrar em grupos sociais, principalmente aqueles formados na escola, ter contato com pessoas que te darão apelidos e serão responsáveis por 70% de seus traumas.
Visto que seu crescimento encontra-se em adiantado estado, chega a oportunidade de que você escolha um indivíduo para se relacionar amorosamente... seja ele, um homem, mulher ou qualquer tipo de animal.
O problema é quando você se afeiçoa a certas pessoas, não necessariamente em um relacionamento amoroso, mas familiar e o entorno de amigos.
Então você erra, as pessoas erram e você ou as pessoas perdem momentos imprescindíveis da vida trancados em um quarto, enquanto ocorre eventos familiares do lado de fora da casa. O cheiro do churrasco é maravilhoso, mas é uma pena você não poder comer por conta de que sua garganta não aceita engolir mais nada, tamanho o nó que se formou.
Sinto-me uma boneca de pano, costurada e retalhada por situações que não consigo enfrentar
Eu cheguei a uma conclusão: eu odeio profundamente as pessoas e todo o afeto que elas despertam em mim!
Me desculpe se sou falha demais para manter qualquer presença perto de mim.
Tem sido impossível continuar vivendo, eu realmente estou de saco cheio de viver.

domingo, 23 de outubro de 2011

Aos homens...

Sinto saudades daquelas presenças, daquele cheiro constante de perigo, daquelas mãos sempre quentes, do sussurro no ouvido... ah... somente eles sabem ser quem são. Os garotos de minha alma têm um andar peculiar, acolhem-me com um sorriso e um brilho constante no olhar, a todo o timbre que me afeiçoei tramitava uma gramática doce, afagava meu entendimento e eu me sentia em casa.
O encantamento que eles carregam, dão de presente a quem os decifrar, espero ser contemplada com todas as especiarias que vocês, mercadores da liberdade trazem e compartilham de bom grado.
Eles trazem a brisa, que contorna serenamente minha face, refresca meu corpo... o mundo que eles possuem, em nada lembra o pecado pois o profano veio com as mulheres e seus delírios histéricos provindos de seu âmago doentio.
Eu não quero perdê-los jamais porque desde que nasci, toda a formação de meu ser se deu em estado absoluto de paixão por eles, sem ao menos os conhecer.
Aos mestres de minha alma, a quem pertence minha devoção, fica minha reverência, meu profundo amor e meu dobrar de joelhos como símbolo, da minha fidelidade e consideração.

sábado, 15 de outubro de 2011

O deslizar...

Você é a única que sempre será fiel... Gosto quando cuida de mim, me faz feliz e me traz tanta certeza de que posso ter mais de você sempre que eu necessitar. Adoro esta entrega, este pensar desenfreado no teu efeito sobre mim (e que efeito!). Desliza sobre mim meu doce devaneio... Traga-me aquela deliciosa sensação ao visualizar meus pulsos molhados.
Só você me traz a tranqüilidade para permanecer aqui, permaneço porque ainda posso te ter, permaneço porque meu prazer é te entregar minha vida aos poucos... gota a gota...

quarta-feira, 12 de outubro de 2011

Carta de despedida

Tudo o que brotará do papel agora, é algo que jamais imaginei compartilhar com as pessoas.  Quero que saibam que em momento algum eu parei de tentar ser uma pessoa melhor, de buscar soluções e fiz com que meus dias de existência valessem ao ajudar todos aqueles que assim como eu, acumulavam uma angústia no peito.
O fato é que desde minha chegada a esta vida, sinto-me deslocada de tudo e de todos, nada me completa realmente... não sou simplesmente um recipiente vazio, mas sim um copo com uma rachadura, que nunca ficará completo de líquido algum.
Tentei fazer parte de todo um contexto, seguindo fielmente as regras sociais estabelecidas antropologicamente por meu clã e demais contatos que surgiram (poucos, muitos poucos na realidade...).
Não fui igual a todos, sempre caminhei em sentido contrário ao da multidão, por conta disso recebi muitas críticas. Eu ouvia com freqüência que deveria ser assim ou assado... todos me incentivavam a ser diferente da configuração inicial de minha personalidade. Eu realmente nunca consegui agradar e chegou a um ponto que parei de tentar.
Todo este universo para mim é semelhante a uma grande televisão, em que sou sempre a espectadora. Sou incapaz de interagir ou oferecer o que as pessoas esperam de mim.
Nos últimos meses me dei conta de que cheguei ao meu limite, tive atitudes extremas, me feri fisicamente e percebi que aos poucos a coragem para sair de cena estava começando a se manifestar.
É difícil colocar toda a minha vida em um pedaço de papel ou então explicar minuciosamente as razões do porquê disso tudo, mas também não queria me desligar dessa existência sem ao menos dar uma satisfação aos que me cercam.
Resumindo minha situação, parto por conta da angústia que carrego, pela minha incapacidade ou impossibilidade de ser feliz, por não conseguir me adaptar a este mundo que desde o início mostrou-se tal qual um labirinto para mim. Despeço-me das pessoas que de alguma forma consegui cativar... quem sabe um dia nos encontremos em outra existência... quem sabe...

Até.

terça-feira, 6 de setembro de 2011

Sonho insano


Esta noite me vi perdida... alguns flashes contornavam minha mente, pensei tanto em você. A cada dia que passa você ganha novos papéis, envolvo-te em infinitas possibilidades de felicidade e satisfação.
Sim, sei que você é capaz... nossa cumplicidade nos remete a  atender as necessidades uma da outra, então faça parte da minha trama, realize meu anseio particular...
No início me afogue em um beijo, deixe-me desnorteada o bastante (anestesiada), aperte-me contra teu corpo sem permitir qualquer tipo de respiração, em teu próximo movimento fará uso da “peça afiada”, na minha perna deslizará, dando vida à marca geradora de meu frenesi. Ao chegar da dor, pressione seus lábios contra minha boca para que o grito se desfaça no aconchego de seu ofegar.
Após, deixe-me lançar o suspiro trancado e ao visualizar as gotas púrpuras lhe convidarei para um brinde... Faça de mim sua presa.
Essa é a minha maneira de à ti me entregar.
E então eu te confessarei: “sonho com minha bruxa me fazendo sangrar...”

sábado, 3 de setembro de 2011

O retorno da dor...


Às vezes aquela dor volta e a alma lateja horrivelmente...
O fantasma da lâmina me assombra, nunca consegui esquecer aquela sensação de alívio, foi tão magnífico.
Vivo na corda bamba das cobranças sociais e somente aquele fio metálico me compreende, faz com que eu me sinta única e é à essa possibilidade me apego, nenhuma pessoa me traz a segurança que aquele tom espelhado proporciona...
Que vão-se todos, mas você ficará e sua marca viva em minha carne me deixará mais segura e forte novamente para enfrentar as banalidades coletivas.
Fique comigo brilho espelhado...
Fique comigo fio de gelo e fogo.
Fique comigo doce “caneta mágica” faça na minha pele os desenhos mais belos em auto relevo.
Dê-me o refúgio e a paz que as pessoas me roubaram.

terça-feira, 30 de agosto de 2011

Ao corte... cenas sem cortes


Então percebi que necessitava novamente... escolhi um objeto de apreço mas ele se foi... entretanto brotam outros, sempre brotam mas infelizmente ainda há aquele fluxo mental que me prende e impede de objetivar o ato.
Esta noite meu pescoço dói como nunca antes... eu sei o que quero fazer... vamos ver até que horas consigo manipular este singelo ornamento... é o poder que ele me traz, me faz viver, ou melhor, me faz querer viver... pela última vez.

domingo, 28 de agosto de 2011

Despedida


Certa vez li um texto que comparava a vida a uma viagem de trem... Nesta viagem diversas pessoas sentavam ao seu lado, algumas ficavam por um bom tempo, outras permaneciam pouco. Acho essa metáfora incrível e percebo tais entradas e saídas constantes em minha vida. Entretanto existe uma questão que o texto não abordou, é quando tenho que pedir para que o companheiro de viagem desocupe a poltrona ao meu lado... por mais que este viajante tenha me proporcionado boa companhia nesta jornada, em algum trecho houve grande trepidação, o que deixou a viagem um tanto incômoda. É de grande humildade pedir que esta pessoa se vá e que busque um lugar mais confortável e uma companhia afim. A vida é feita de chegadas e partidas, mas principalmente: de escolhas.

sábado, 20 de agosto de 2011

Caixinha dos sonhos


Logo a minha caixinha dos sonhos estará repleta de todos aqueles objetos que acabam com minha tristeza. O brilho que eles irradiam faz com que meus olhos reflitam como espelhos... Quando estou perto deles nada mais importa, tudo se transforma e assim me satisfaço. O improviso não é meramente necessário, nada mais é do que uma variação emocionante. Sobre as costas carregarei o tão esperado flagelo... não me impeça, apenas compreenda minha maneira peculiar de aplacar toda a angústia. Na minha caixinha, os guardo com carinho, sendo o especial enrolado em um pedaço de renda azul. Não se preocupe, está muito bem guardada sobre a tranca da chave verde. Se procurar agora, verá que o recipiente ainda se encontra pouco atraente, mas vou incrementá-lo e guardar lá meus mais novos símbolos de afeto. Aquilo que você enxerga como loucura, eu chamo de amor... amor pelo que agora tenho em mãos e amor por ti que me deu acesso a este precioso ensinamento...

quinta-feira, 14 de julho de 2011

Triste espetáculo

Eu poderia passar o resto da vida falando sobre o que não vou ser ou o que não vou crer... Desperdiçar tempo analisando como poderia ter sido lá atrás, entre outros disparates. Seja como for, meu DNA é inalienável, portanto, não haverá nenhum processo mutacional.
Sempre ouvi falar que a vida era como um palco, que deveríamos cantar e dançar antes que o espetáculo terminasse... de fato a vida é um palco, onde somos eternos atores, fingindo, mentindo, buscando entreter um público que nunca está satisfeito. O fato é que a personalidade consome-se em meio ao que você deve interpretar.
Fico eu encenando uma realidade que não me pertence, com o simples intuito de patrocinar aos que me cercam, um espetáculo tal qual a Hamlet (literalmente: ser ou não ser, eis a questão?).
Esse cenário tem deixado meus pés cansados, sem a mínima vontade de continuar e a estas alturas, já não me importa mais quantos da platéia se levantarão para abandonar o teatro. Eu não quero mais sorrir com os olhos vertendo lágrimas, não quero dançar com meus pés inchados e não quero cantar com minha voz embargada. Mesmo que eu não conserve ninguém e que a solidão seja o preço a pagar por minha originalidade, que assim seja.