quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

O atalho


Eu peguei um atalho na floresta, cujos espinhos me machucaram sobremaneira... resolvi desbravar aquele trajeto alternativo em busca de frutas doces e ar mais puro. Encontrei tais itens em abundância, porém a floresta se mostrou selvagem e impetuosa. À medida que eu tentava escalar as árvores, cada fruta que eu colhia levava uma gota de meu sangue.
Quando eu me inclinava para beber água do riacho, lobos me perseguiam, um deles mordeu meu pulso, arrancando meu pingente.
Aquela névoa embaçava minha visão, sentia-me não mais na floresta e sim em um vale de almas desorientadas.
Enfim... depois de muito andar, muito tentar, percebi-me fraca perante a floresta... eu não podia mais lutar pois tudo o que ela me mostrou foi seu lado negro, ela venceu, me expulsou de seu território. Cabisbaixa retornei.
No caminho de volta, minha mente tentou decifrar toda a experiência anterior, pensativa tentei analisar as mensagens encobertas por aquilo tudo e compreendi o quanto valeu a pena...
Não me arrependo nem um pouco de ter abandonado meu castelo para conhecer a floresta, ela me ensinou muitas coisas... aprendi que o conforto de meus sapatos de princesa não se comparam ao alívio que a terra úmida trouxe a meus pés, percebi que os espinhos só me arranharam porque queriam ficar mais próximos de mim oferecendo-me um modo peculiar de proteção, que a névoa densa não tinha intenção de me assustar, mas sim embaçar minha visão para que eu não visse o tom sombrio da floresta. E o lobo... desejava obter uma lembrança minha, tanto no pingente que arrancou quanto no sabor do sangue que degustou.
Quando olho para minha pele, vejo todas as lembranças deixadas pelos espinhos, arranquei cada um de minha carne e soltei ao chão, porém...
Um deles ficou cravado em meu coração... e em cada respirar eu o sinto e tento lembrar que
No final de toda dor, resta o sabor doce do amor.

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